Abaixo
está uma breve relato da vida do recém-glorificado Santo Nicéforo, escrito pelo Monge
Simão, no livro "Nicéforo, o Leproso: O Radiante Atleta da Paciência "(Atenas,
2007 [grego]):
Pe
Nicéforo (no mundo, Nicolau) nasceu em um vilarejo de Sikari, na ilha de Creta. Seus pais eram aldeões simples e
piedosos. Quando ele ainda era uma criança, seus pais morreram e o deixaram
órfão. Ele foi criado sob os cuidados de seu avô paterno João. Assim, aos treze
anos ele saiu de casa, viajou para Chania e começou a trabalhar numa barbearia.
Lá ele começou a apresentar os primeiros sinais de hanseníase (ou seja, lepra).
Naquela época, os leprosos eram exilados para a ilha de Spinaloga, porque a
lepra era uma doença transmissível e era tratada com medo e horror.
Nicolau tinha dezesseis anos quando os sinais da doença
começaram a se tornar mais evidentes, aparecendo as marcas da lepra em locais
visíveis de seu corpo, então ele partiu em um barco para o Egito a fim de fugir
do confinamento certo em Spinalonga. Ele permaneceu em Alexandria,
trabalhando em uma barbearia novamente, mas os sinais da doença tornaram-se
mais e mais evidentes, principalmente nas mãos e no rosto. Por isso, por
intervenção de um padre que o aconselhou, ele foi a Chios, onde naquela época
havia uma Igreja para leprosos, e o Padre era Antimos Vagianos, o posteriormente conhecido e glorificado Santo Antimos.
Nicolau
chegou a Chios em 1914 com a idade de 24 anos. No lar de leprosos em Chios,
onde havia um agrupamento de muitas lindas casinhas, havia uma capela de São
Lázaro, onde foi preservado o ícone milagroso de Panagia de Ypakoe (
Obediência). Em Chios, sua doença progrediria,
assim como seu progresso espiritual. O hospital para leprosos seria o
campo de treinamento para sua luta espiritual. Sob a orientação espiritual
do Padre Antimos, em dois anos, foi tonsurado um monge com o nome de Nicéforo.
A doença progrediu e evoluiu na ausência de
medicamentos adequados, causando muitas lesões grandes em seu rospo e corpo(o
medicamento foi encontrado mais tarde, em 1947).
Pe Nicéforo vivia com obediência genuína, com jejum austero, trabalhando nos jardins. Ele também compilou em um catálogo os milagres de Santo Antimos, que ele viu com seus próprios olhos.
Havia
uma relação espiritual única entre Santo Antimos e o monge Nicéforo, que “não
se separou dele nem por um passo”, como disse pe. Theoklitos de Dionysiou em
seu livro “Santo Antimos de Quios ”. Pe Nicéforo rezava por horas intermináveis
à noite, realizando inúmeras prostrações. Não brigava e nem ofendia o próximo, não feria o coração de ninguém, era manso e humilde, assim
como Nosso Senhor nos pediu para ser. Ele era o protopsaltis ( cantor) da Igreja.
Por causa de sua doença, no entanto, aos poucos ele perdeu a visão e a maioria
dos hinos eram cantados por outras pessoas.
O leprosário
de Chios foi encerrado em 1957 e o restante dos doentes, juntamente com o padre
Nicéforo, foram encaminhados para a casa de leprosos de Santa Bárbara em
Atenas, Aigaleo. Naquela época, o padre Nicéforo tinha cerca de 67
anos. Seus membros e olhos foram completamente afetados e deformados pela
doença.
Lá, na casa
dos leprosos, também morava o padre Eumenios. Ele teve hanseníase como
todos os outros, mas com a medicação que recebeu ficou completamente
curado. No entanto, ele decidiu permanecer no lar para leprosos pelo resto
de sua vida, perto de seus companheiros de sofrimento, cuidando deles com muito
amor. Assim, ele se submeteu em obediência ao padre Nicéforo, a quem o
Senhor havia dado muitos dons como recompensa por sua paciência. Uma
multidão reuniu-se na humilde cela do leproso Nicéforo, em Santa Bárbara de
Aigaleo, para receber suas orações. Aqui estão alguns testemunhos de quem
o conheceu:
“Embora
estivesse confinado à cama, com feridas e dores, ele não murmurou, mas mostrou
grande paciência.”
“Ele tinha o
carisma de consolar quem estava triste.”
“Seus olhos
estavam permanentemente irritados e ele tinha visão limitada. Ele também
tinha rigidez nas mãos e paralisia nos membros inferiores. No entanto, ele
suportou tudo isso da maneira mais doce, dócil, sorridente e encantadora que já vimos e ele também foi muito agradável e amável. ”
Ele disse: “Meus filhos, vocês rezam? E como vocês rezam? ... com a oração de Jesus vocês devem rezar, com o “SENHOR JESUS CRISTO, TEM PIEDADE DE MIM”. Portanto, você deve rezar. Deste modo é bom. ”
“Seu rosto era corroído pelas marcas de sua doença, mas suas feridas brilhavam. Foi uma
alegria para aqueles que viram este homem destituído e aparentemente fraco
dizendo: Que Seu Santo Nome seja glorificado. ”
O padre
Nicéforo repousou em 4 de janeiro de 1964 com a idade de 74 anos. Depois de
três anos, suas sagradas relíquias foram exumadas e estavam perfumadas. O
Padre Eumênios, e outros fiéis, relataram muitos casos em que milagres ocorreram ao
apelar para que São Nicéforo intercedesse junto a Deus. Temos muitos testemunhos de
que nosso santo recebeu do Espírito Santo o dom do discernimento e uma multidão
de outros carismas. Devemos notar que a maioria dos milagres são
registrados, e hoje o santo dá uma ajuda generosa a quem
precisa. Certamente haverá muitos outros milagres que ainda não foram manifestados.
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Ele imitou Jó até o fim, quando deitados em sua cama seus membros ficaram paralisados por causa de sua lepra. Como Lázaro ferido, ele foi gentil na firmeza, glorificando a Deus, em cujas mãos entregou sua alma no ano de 1964, no dia quatro do mês de janeiro, e foi sepultado no Cemitério da Estação Anti-Leproso em Atenas. Na obscuridade, ele foi trasladado aos céus, conhecido por Deus e sendo de Sua casa e Seu filho obediente, Nicéforo, o Leproso, o orgulho da Igreja de Cristo e um fervoroso intercessor de todos junto Deus.
Alguns dos
milagres de São Nicefóro:
O padre Eumenios diria que, certa noite, depois de
preparar o padre Nicéforo para dormir, ele também foi descansar em sua
cela. No entanto, ele não conseguia dormir. Ele estava muito
preocupado, talvez por não ter feito algo, ou talvez por ter esquecido de fechar
o forno. Essas e outras coisas passaram por seus pensamentos. Ele se
levantou, portanto, e foi para a cela do ancião.
Para não o incomodar ele achou melhor não bater à porta, nem dizer "Pelas orações dos nossos Santos Padres, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós", e aguardar o resposta de dentro "Amém", como é feito nos mosteiros. Muito devagar ele abriu a porta, e o que ele viu? Ele viu o padre Nicéforo pairando a um metro do chão com os braços erguidos e rezando.
Seu rosto brilhava como o sol. Assim que o Padre Eumenios viu este espetáculo temível, sem dizer uma palavra, ele fechou a porta com muito cuidado e correu para a sua cela. Lá ele caiu com o rosto no chão e derramou em lágrimas, com medo de entristecer o ancião por não ter batido na porta e vê-lo em sua postura maravilhosa.
Ele também chorou de alegria, porque viu por si mesmo quão grande e virtuoso era seu pai espiritual, o Padre Nicéforo. De manhã, ao ir conversar a ele como de costume, ele prostrou-se profundamente e pediu perdão por sua má conduta. Ele, com um leve sorriso, imediatamente o perdoou e disse-lhe que não revelasse a ninguém o que viu enquanto ele ainda estivesse vivo.
O padre Hieromonge Amphilochios, do Santo Mosteiro de Santa Paraskevi em Megaron, afirma que um dia, sentado em sua cela, sentiu algo exalando uma doce fragrância. Ele olhou para a esquerda e para a direita, mas não conseguiu descobrir de onde vinha essa fragrância, que estava crescendo. Então, seus olhos pousaram em um grande e gordo envelope postal. Ele a abriu e viu um pedaço de relíquia sagrada, que exalava uma fragrância inefável, e uma nota que dizia: "Padre Nicéforo Tzanakakis, 04/01/1964". Esta relíquia sagrada estava na posse de outro Hieromonge, que a enviou para o Mosteiro temporariamente, uma vez que ele estaria ausente. Quando o padre Amphilochios a removeu do envelope e a colocou com reverência em um lugar onde ele tinha outras relíquias sagradas, a fragrância diminuiu ligeiramente.
Estes são apenas alguns exemplos. Não temos espaço o suficiente para descrever todos os casos e acontecimentos miraculosos relacionados a São Nicéforo. Os milagres são muitos e continuam a acontecer.
Nesta recente pandemia de covid19, São Nicefóro continuou a interceder pelo mundo e a realizar maravilhas. Ele apareceu para um fiel na Bulgaria, em meio a explosão de casos de covid19 e lhe deu instruções valiosas. O seguinte relato foi escrito:
“Às 4 horas daquela noite adormeci. No meu sonho, ele me
visitou - São Nicéforo, o Leproso. Eu o reconheci imediatamente. Eu o
vi em seu rasson negro, de pé, segurando uma cruz de ouro na mão
direita. Ele se dirigiu a mim com as palavras: “Avise todos os cristãos
para orarem para mim, mas repetidamente. Deixe-os também ler os
serviços(Paraklisis). Existe uma cura e esta é a Santa Comunhão. Tem também uma
erva para beber, é o tomilho, mata os vírus. E em qualquer caso, não deixe
de visitar a casa de Deus neste momento difícil, porque lá não há contágio e
ninguém pode ser infectado.”
Outras aparições foram registradas na Grécia. Naturalemente,
São Niceforo se tornou o santo patrono dos Ortodoxos ao redor do mundo. Muitos
Mosteiros, durante este período de pandemia, começaram a rezar a Paraklisis de
São Nicefóro, pedindo a intercessão deste Santo para os dias difíceis que
estamos vivendo.
Um santo que venceu o medo e o desespero de uma doença terrível é o modelo que precisamos mirar agora. As orações de São Niceforo junto a Deus nós ajudarão a superar este momento.
A vida de São
Nicéforo foi um exemplo e um modelo resplandecente para todos nós. Ele
agradava a Deus porque havia suportado a dor dilacerante com mansidão e
esperança na Ressureição. Na medida em que seu corpo era devorado pela
lepra, sua doçura, oração e paz de espírito cresciam. São Nicéforo foi um
grande imitador de Nosso Senhor Jesus Cristo, que mesmo em seu doloroso caminho
para o Gólgota, não deixou de exalar amor e compreensão por todo o gênero
humano. Um grande exemplo para nós, que costumamos reclamar dos mínimos
percalços que enfrentamos. Este Santo homem viu, dia a dia, a própria face ser
devastada em feridas, mas sua boca nunca deixou de dizer “Seja feita a Tua vontade”.
Deixemos que
o exemplo de São Nicefóro encha o nosso espirito de contentamento e mansidão,
principalmente neste período de epidemia que estamos vivendo. Que nosso medo dê
lugar a esperança pela Ressureição e que nossas dúvidas sobre o amanhã sejam
dissipadas, para que possamos dizer, em plena fé, “Seja feita a Tua vontade”.
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