quinta-feira

Atenção ao dia do Juízo Final. Você pensa que Deus está dormindo? - Arquimandrita Gregorios(Estephan)




Por Arquimandrita Gregorios(Estephan) - Abade do Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus - Bkefitine

O Dia do Julgamento não está dissociado da vida que vivemos agora, pois desde os dias da Encarnação de Cristo, o estágio final da economia da salvação do homem começou - o [estágio de vigília] pelo Reino Celestial. O próprio Cristo revelou essa verdade no início de Sua pregação, quando disse que o Reino Celestial está próximo. 
  
Portanto, a Encarnação de Cristo foi o começo do fim, e agora aguardamos o cumprimento do fim e a revelação final do Reino Celestial, que seguirá o Julgamento de todos os homens. Pois Cristo nos disse claramente que: Ele “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou” (Atos 17:31), retribuirá a cada um conforme o seu procedimento" (Rm 2:6) 
  
Hoje em dia, existem muitos que tentam negar a verdade do Juízo Final e a visão daquele dia terrível, ou pelo menos tentam desdenhar dessa verdade; eles tentam erradicar todas as ideias que lembram a "morte" e o "julgamento." Considerando que as Escrituras Sagradas, desde o Antigo Testamento, descrevem aquele dia, dizendo que será um dia terrível de aflição: Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor? (Amós 5:20); Toda a terra será consumida pelo fogo do seu zelo (Sofonias 1:18); Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. (Is 13: 9). 
  
A missão da Igreja sempre foi nos lembrar a verdade do julgamento. São Policarpo, no século II, diz: "Quem nega a Ressurreição e o julgamento é o primogênito de Satanás". 
  
Muitos em nossos tempos perguntam sobre os sinais do fim dos tempos e do Julgamento, e se esses sinais começaram a aparecer. A Sagrada Escritura fala claramente sobre aqueles dias, sobre o aumento das transgressões e o agravamento dos males naturais e morais. A intensificação dos desastres naturais nada mais é do que a consequência inevitável do agravamento da blasfêmia do homem e de sua apostasia de Deus. O sinal da apostasia total será aparente na vida do homem. 
  
O que é interessante nos sinais do fim dos tempos, como observado pelo apóstolo Paulo, é que eles são os mesmos sinais que precederam a primeira vinda de Cristo. Antes de Sua primeira vinda, as nações viviam em perversão sexual abominável, onde os homens substituíam o uso natural de seus corpos para fazer coisas que não eram adequadas e estavam cheios de toda injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis(Romanos 1: 19-31). 
  
É assim que a vida era antes da primeira vinda de Cristo. O apóstolo Paulo também fala sobre o estado em que os homens estarão antes da segunda vinda de Cristo: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder (2 Tim. 3: 1-5). O mais perigoso de todos os indícios dos últimos dias é essa disseminação abominável da perversão sexual e sua legalização em nossa época, que nada mais é do que uma imagem da plenitude da corrupção. 
  
O mundo vivia em feia idolatria; o homem começou a adorar a si mesmo e suas paixões se tornaram seus deuses: ele os adora, os nutre e vive para satisfazer suas fantasias e paixões de maneira animal. Cristo veio e mudou a imagem deste mundo blasfemador, seus princípios e todo o seu modo de vida. Os preceitos do Evangelho se tornaram o espírito no qual os diferentes povos que O conheciam fundaram as leis de sua vida comum. Mas nos últimos dias que precedem o dia da Segunda Vinda de Cristo, o mundo retornará, de acordo com o apóstolo Paulo, a essa nova idolatria que negará os preceitos do Evangelho, glorificando o egoísmo do homem e nada vendo nele, exceto paixões e fantasias animalescas. Essa idolatria destrói a obra de Deus, e toda a Sua criação "muito boa", para torná-la "muito repulsiva". 
  
Além disso, entre os sinais de que o Dia do Julgamento está próximo, está a terrível perseguição dos verdadeiros fiéis. Os poucos que permanecerão firmes junto ao verdadeiro Cristo, e resistirão ao anticristo que virá da parte de Satanás, fugirão para o deserto [NdoT: locais ermos, afastados, vastos]. As Igrejas comuns se submeterão ao espírito de apostasia, e sua adoração não será aceita por Deus. 

Santo Hipólito, no século III, descrevendo os últimos dias, diz: “E as igrejas também lamentarão com uma poderosa lamentação, porque nem oblação e nem incenso serão oferecidos, nem serviço aceitável a Deus [será celebrado]; mas os santuários das Igrejas se tornarão como uma cabana dos vigias de jardins, e o Corpo e o Sangue de Cristo não serão oferecidos naqueles dias. O serviço público de Deus será extinto, a salmodia cessará, a leitura das Escrituras não será ouvida; mas para os homens haverá trevas e lamentação sobre lamentação, e ‘’ai’’ em ‘’ai ”. "
  
Pois Satanás, que nunca dorme, conseguiu impor sua nova lei aos homens que trocavam a verdade de Deus pela mentira (Rm 1:25), substituindo a lei da graça pela lei do pecado e a apostasia da verdade. E agora Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tim. 4: 1). 
  
Qual é a relação entre a verdade e Cristo? O apóstolo Paulo tem em mente a apostasia da fé verdadeira e correta, não a total descrença. Quem se afasta da Verdadeira Fé segue, automaticamente, o espírito dos demônios. É por isso que o fim dos tempos verá uma multiplicação de falsos profetas e pais de todas as heterodoxias e heresias, que trabalham pela vontade de Satanás, que odiaram a verdadeira Igreja de Cristo, com seus dogmas e cânones divinos, desde o início. 
  
Portanto, no dia do Justo Juízo, conforme descrito pelo Evangelista Mateus, as obras dos homens serão medidas pelo critério da fé e pelo conhecimento de Cristo. As obras não serão um critério em si mesmas, mas sim as obras de fé e o conhecimento do Filho de Deus. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus(Jo. 3:18). A conexão entre obras e fé em Cristo é clara nas Escrituras: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem vida eterna, e não entrará em julgamento (João 5:24). 
  
Nossas boas obras merecem a recompensa de Deus se elas forem o fruto dessa Verdadeira Fé. É impossível alcançar a Cristo por meio de obras externas, não importa quão boas elas sejam.  Podemos alcança-Lo apenas mediante a transformação do coração interior através da Verdadeira Fé Ortodoxa. Pois a Verdade é o dom perfeito de Deus, para que o homem possa seguir o Verdadeiro Cristo e exercitar as virtudes na graça, e não através das paixões. Fora da Verdade não há Cristo, nem fé, nem boas obras, mas idolatria, paixões humanas e corações inclinados à imundície. 
  
O julgamento deste mundo está próximo. Nossa corrupção superou a corrupção de Sodoma e Gomorra, a de Nínive e de todo o mundo antes do dilúvio de Noé. Não há fim para toda essa apostasia, blasfêmia e todos esses males e corrupção? Você acha que Deus dorme e permitirá que Seu nome seja apagado entre os povos e blasfemado por suas obras sujas? Você acha que Deus dorme e permitirá que os males dos homens destruam Sua boa criação e distorçam a obra de Suas mãos? A ira de Deus está sobre o homem, pois eles estavam comendo, bebendo, casando e dando em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca (Mt 24:38). 
  
Deus exige arrependimento dos cristãos, pois somente o arrependido pode mudar a decisão de Deus de apressar o julgamento. O chamado de João Batista e de Cristo: "Arrependam-se, pois o Reino do Céu está próximo", significa que necessitamos de arrependimento, pois o julgamento de Deus está próximo, e ninguém entra no Reino Celestial sem arrependimento. Onde o verdadeiro arrependimento permanece e habita não há julgamento. No entanto, não parece que o mundo regressará a um estado de arrependimento honesto, como fez o povo de Nínive na antiguidade. É claro que a transgressão do mundo, sua blasfêmia e sua apostasia do verdadeiro Cristo, tornaram-se firmemente estabelecidas e sem volta, e este é o maior sinal da última era. 
  
Deus não dorme, e se Ele ainda está nos dando trégua, apesar de nossos pecados e da nossa falta de frutos de arrependimento, é por conta dos escolhidos, dos remanescentes (os Santos) que, através de suas lutas, ainda estão jejuando, orando e se arrependendo para serem salvos e resistirem ao pecado, corrupção e transgressão deste mundo. Quanto mais diminui o número desses lutadores, mais nos aproximamos do julgamento de Deus, quando os impenitentes acumulam a ira contra si, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o Seu justo julgamento. (Romanos 2: 5). 


A Oração como Criação Infinita - "O Homem Oculto do Coração" - Capítulo VI








CAPÍTULO SEIS - "O HOMEM OCULTO DO CORAÇÃO" - A ORAÇÃO COMO CRIAÇÃO INFINITA 



por Arquimandrita Zacharias de Essex



  
A oração é a mais alta e mais nobre atividade do espírito humano. Segundo os Padres, a oração é o "espelho do progresso" do homem em sua jornada em direção à perfeição espiritual. Além disso, se nós caminharmos como devemos pela palavra do Senhor em que "todas as coisas, tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis" (Mateus 21: 22), estamos convencidos de que a oração e, acima de tudo, a oração em nome de Jesus Cristo (cf. João 14:13; 15: 7, 16; 16:23) é a fonte mais segura de ajuda. Através dele, o homem pode obter tudo o que é necessário para o seu crescimento espiritual e salvação. Por esta razão, a oração é tão inestimável na vida de cada pessoa, como é para o sustento do mundo em geral. 
  
  
A oração é um dom divino, que se torna ativo no coração através do Espírito do Senhor. O homem está diante de Deus em oração, e Deus lhe concede Seu Sopro Vivificante. Ele então está tão intimamente unido a Deus, que ele reflete a perfeição celestial em sua vida terrena, refletindo-a até mesmo enquanto o Espírito de seu Criador continua a instruí-lo. Durante a oração ele observa claramente a verdade primordial, de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. 
  
  
Os frutos da oração são além de reveladores. A oração reacende a inspiração, dissolve dúvidas e medos, e reaviva o desejo de bênçãos eternas. Conforta o coração com lamentações que não podem ser proferidas, cura as feridas do pecado, aquece a alma e ilumina a mente. Torna sagaz o espírito do homem, instilando nele uma resolução inigualável, fazendo-o preferir não o terreno, mas às coisas do céu, e que em todo trabalho de qualquer tipo e em qualquer lugar, seja agradável a Deus (cf. 2 Coríntios 5: 9), seja na morte ou na vida. Pe.Sofrônio chama a oração de uma criação 'sempre nova'[1], que une o espírito do homem ao Espírito de Deus e cura a natureza ferida pelo pecado. 
  
  
Se o homem não tivesse sido criado de acordo com a "imagem" de Deus para o propósito de vida em comunhão com o Autor de sua vida, então a oração não seria apenas desnecessária e não proveitosa, mas também inatingível na prática. Deus, no entanto, em Seu amor generoso, deseja que o homem seja incorruptível e eterno, e a oração é o meio mais precioso e necessário para o cumprimento e perfeição deste glorioso propósito. 
  
  
É normal que o homem se volte para Deus com saudade. Ele é a Fonte e a Causa do ser humano e seu Criador - de fato, o Senhor é o princípio e a fundação do homem como um todo. Deus, por outro lado, se aproxima do homem por bondade e misericórdia, e o desperta por Sua presença. Nós, criaturas razoáveis, não podemos encontrar maior benção do que este contato com nosso Criador. Antes da queda, essa relação era constante e íntima, luminosa e direta, pois o homem contemplava o próprio Rosto de Deus, conversando com Ele e sendo guiado diretamente por Sua palavra. O homem contemplou Deus e imitou a Deus, e essa foi a sua vida de oração. A queda no pecado, no entanto, destruiu a comunhão vivificante do homem com Deus, e ele se afastou da Glória Divina. 
  
  
Mas o Filho de Deus, em Sua infinita benignidade, veio "habitar com aqueles que haviam partido de sua graça", a fim de renovar o diálogo que tivera com o homem no Paraíso, mas que havia sido rompido em razão da transgressão de Adão. 2 Pois Cristo é uma verdadeira Hipóstase, uma perfeita Pessoa Divina, enquanto o homem também traz em si o princípio hipostático, visto que ele é criado à imagem de Cristo. O privilégio extraordinário do homem, portanto, é o de trabalhar com Deus para sua perfeição como pessoa restaurada. E isto é realizado através da oração, quando ele está na presença do Deus vivo, recebendo a Sua energia criativa para a sua renovação e perfeição. 
  
  
Padre Sofonio diz que o primeiro passo decisivo no reino da oração é feito quando o homem recebe a graça da atenção plena da morte(NdoT ver primeiro capítulo). Um estranho sentido interior se aloja em seu "coração profundo" e informa seu espírito da total futilidade de toda e qualquer aquisição na Terra.3 Ao mesmo tempo, os olhos interiores de sua alma são atormentados por uma visão de seu nada absoluto, em que todo o seu ser está condenado à aniquilação. Tudo o que sua consciência abraçou até então, e tudo o que anteriormente o inspirou e lhe deu alegria, agora parece sem sentido, marcado pela vaidade, entregue à mortalidade. Em outras palavras, todo o mundo criado se mostra totalmente incapaz de aliviar o anseio profundo e recém-descoberto pela vida eterna. O espírito de tal homem, de algum modo, desenvolve certo desprezo pelas coisas visíveis e agora anseia por aquelas coisas que são, por sua própria natureza, invisíveis e eternas, de modo que mesmo séculos de vida feliz neste mundo não têm qualquer atração. Se ele agora recebe Cristo "que tem o Evangelho eterno" (Apoc. 14: 6) com fé, então a graça da atenção plena à morte o inspirará com a oração que conquista as paixões e o restitui à verdadeira vida. 

A verdadeira oração, então, não pode ser alcançada sem a Graça Divina. Se o verdadeiro Deus não condescende, aquele que ora será incapaz de comungar com o Espírito de Deus. Os caminhos da oração são intricados e quem reza encontra oposição em muitos ângulos. Seu corpo corruptível não tem força para elevar-se ao nível do Espírito; sua mente não é suficientemente iluminada ou inspirada para se entregar ao Grande Deus e Salvador que "ressuscita os mortos" (2 Coríntios 1: 9) e, assim, saltar sobre os confins do medo, dúvida, falsidade e ignorância. Além disso, seu ambiente social e seu orgulho característico de auto justificação, que é "abominação aos olhos de Deus" (Lucas 16:15), não favorece a oração. Ademais, os espíritos da maldade não podem suportar a obra salvadora da oração.4 A oração atrai o mundo todo de volta de sua queda e realiza a santificação do homem. 
  
Para o homem rezar de uma maneira que irá uni-lo a Deus e  assim sustentar o mundo, ele precisará de inspiração e energia. Vimos como a graça da ‘atenção plena à morte’ altera poderosamente a perspectiva do homem sobre a vida e o prepara para direcionar todo o seu ser para Deus em oração. Isso ocorre porque a eternidade está batendo à porta de sua alma, dando testemunho do fato insuportável de que toda coisa criada, sendo contaminada pelo pecado, foi privada da glória de Deus e, portanto, destituída da verdadeira vida. Agora, ele vê claramente que ele se origina do nada e que não é nada além da boa vontade e da boa intenção de Deus. Essa percepção, quase inevitavelmente, gera nele uma disposição humilde, uma fé humilde na revelação de Deus, preparando sua alma para a iluminação pela graça. Esta disposição humilde é a base preciosa, que o inspirará a se voltar em oração e esperança ao "Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente daqueles que crêem" (1 Timóteo 4:10). Neste ponto, o homem começa a conhecer a ação da mão direita do Altíssimo. Ele é enriquecido em seu coração pela iluminação da "luz do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Coríntios 4: 6). A princípio, a luz de Deus ilumina o homem "invisivelmente e por detrás", sem que ele seja capaz de ver sua fonte - a Pessoa de Cristo. Mas a ele é gradualmente concedido fé na divindade de Cristo, e ele se torna cada vez mais consciente de sua pobreza espiritual e inutilidade, pois a divindade de Cristo revela a verdadeira natureza do pecado. O homem agora percebe a dimensão metafísica de sua queda da vida abençoada e imaculada "na Luz proveniente do Rosto do Pai de todos" 5, e seu senso de pobreza espiritual e pecaminosidade o preparam para um arrependimento mais profundo na oração. 
  
  
A graça da ‘atenção plena à morte deve, no entanto, ser cultivada, porque une o homem com o Deus pessoal da Revelação. Quando ele percebe a magnitude de sua queda e começa a temer as consequências do pecado, ele se apega a Deus com temor, e esse temor a Deus torna humilde seu coração em toda a sua profundidade. O coração foi agora descoberto e reacendido, e há nova força em sua oração de arrependimento. Ele se torna uma expressão da verdade bíblica sobre o homem, que é descrito como um "coração profundo" (Sl 64: 6), sedento por aquele senso de divindade, que sozinho pode satisfazer o seu nous (cf. Prov. 15:14 Lxx). 
  
  
Em seus escritos, São Silouan e pe Sofrônio enfatizam continuamente a importância de tal oração de arrependimento, através da qual a renovação e a salvação do homem são realizadas. A oração é salutar, porque estabelece a cooperação harmoniosa da vontade do homem com a vontade de Deus. A energia criada pelo homem se rende à energia Incriada de Deus, e sua existência meramente humana é totalmente transformada pela oração, na medida em que a oração é a expressão de seu arrependimento. No mundo ao nosso redor, nada nos ajuda no trabalho de oração e arrependimento. A inspiração só pode brotar da consciência do pecado do homem e do senso de sua pobreza espiritual; ambos são percebidos à luz de seu relacionamento com Deus, que é baseado na fé do homem na divindade de Jesus Cristo. 
  
  
Primeiro de tudo, o homem se torna consciente de seu próprio pecado, mas ele, gradualmente, descobre que sua queda replica a transgressão original de nosso antecessor Adão, conforme descrito na Sagrada Escritura. Iluminado pela graça da compreensão e pelo testemunho das Escrituras a respeito da condição do homem, o penitente começa a discernir o desígnio e propósito do homem, concebido pelo conselho divino 'antes do princípio do mundo' (2Tm 1: 9; Tt 1: 2) .6 Isto o leva a distinguir em seu coração a imagem de Cristo, de acordo com a qual ele foi formado, mas do qual ele caiu. Ele então vem a uma consciência das dimensões ontológicas mais amplas de seu pecado - como um crime contra o amor do Pai, 7 um afastamento da Pessoa pré-eterna do Criador, e como suicídio no nível da eternidade.8  

Mas, essa consciência do pecado e das trevas dentro de si torna-o receptivo à graça divina.9 Ele agora presta atenção ao testemunho da História Sagrada, começando com o terceiro capítulo do Gênesis e terminando com o livro do Apocalipse, e assim obtendo a perspectiva ideal, da qual inicia a tarefa de seu arrependimento, pois ele entende claramente que persistir em uma vida de pecado, seria uma questão de grande auto ilusão e, de fato, um fracasso voluntário de sua parte. Em sua absoluta necessidade, ele oferece oração a Deus, e suas súplicas prontamente alcançam o trono do Altíssimo, 10 que por Si Mesmo desceu do céu, não para salvar aqueles que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos (Lucas 18: 9) e são consequentemente enganados (cf. 1 João 1: 8) mas, sim aqueles que estão doentes (cf. Matt 9:12), isto é, aqueles que se reconhecem como pecadores e que conhecem sua grande necessidade de cura e salvação. O homem ganha em substância através de tal oração profunda. Ele se torna real, pois ele confessa a realidade de seu estado, um estado que marca cada descendente de Adão e, portanto, é universal. Ele fala a verdade diante de Deus, e isso atrai o próprio Espírito da Verdade, o Espírito Santo, que capacita o homem que se arrepende a adorar a Deus "em espírito e em verdade" (João 4:24), num espírito de humildade e confissão; e no Espírito Santo, que realiza a impressionante tarefa do arrependimento e sua total restauração. Sua oração ao Senhor é digna de Deus, pois ele ora em um espírito profético: ele justifica a Deus e condena com firmeza sua vida pecaminosa. Sua oração torna-se "a corte, a sala de julgamento e o tribunal do Senhor, antes do Julgamento" 11. Pe Sofrônio diz que o Senhor não julga duas vezes.12 O grande Paulo diz o mesmo: "Se nos julgarmos a nós mesmos, não seríamos julgados" (1 Co 11:31). Embora saibamos que haverá um juízo final, e que todos os homens, quer queiram quer não, devem comparecer perante o tribunal de Cristo (cf. Rom. 14:10), o homem, no entanto, tem a possibilidade de antecipar este julgamento, condenando-se voluntariamente em sua oração de confissão e arrependimento. Ele julga a si mesmo pelos mandamentos de Deus, em humilde disposição de autocondenação. Então o Senhor, de acordo com a Sua promessa, lhe dá "palavras e sabedoria, a que nenhum dos seus adversários será capaz de resistir ou contradizer." (cf. Lc 21: 14-15). A graça do Espírito Santo se manifesta nele, purificando-o de seus pecados, justificando-o diante de Deus e colocando-o no caminho de Sua verdade. Lembremo-nos das palavras do evangelista João: "Se dissermos que não temos pecado, nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça ”(1 João 1: 8–10). Para São Silouan, essa realidade é a essência da palavra do Senhor : "Mantenha sua mente no inferno e não se desespere" .13 E isso é confirmado na descrição de São Silouan de sua própria experiência: "Eu estava pensando comigo mesmo, eu sou uma abominação e merecedor de toda punição; mas, em vez de castigo, o Senhor me deu o Espírito Santo. ”14 E a presença do Espírito Santo desfaz os laços do pecado, implanta o ódio ao pecado nas profundezas do homem, como sinal seguro de seu perdão, desse modo, dando testemunho em sua alma pela sua salvação. 
  
  
Portanto, a oração de arrependimento abre caminho para o perdão dos pecados e previne o julgamento final de Deus, justificando o homem por meio da autocondenação. Mas, também traz o trabalho criativo de sua perfeição como uma hipóstase, tarefa essa que só pode ser realizada na aquisição da graça divina. Pe. Sofrônio confirma isso, quando ele diz que a natureza humana pode ser renovada apenas pelo fogo do arrependimento.16 A renovação do homem é um processo extremamente intrincado, em razão da queda e de suas consequências fatais. A própria natureza do homem foi minada: dividida em partes e essa perda de integridade destruiu a harmonia de sua unidade com seu princípio hipostático. Quando o crente se esforça para cumprir os mandamentos, ele percebe sua desordem. Ele vê que não está em plena posse de sua verdadeira natureza. Ele tem uma coisa em sua mente, deseja algo com seu coração, mas é atraído para outra coisa pelos seus sentidos. Não há unidade em sua natureza, como a que permitiria o cumprimento do primeiro e grande mandamento: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças". (Marcos 12:30) Nem nele reflete a verdade ontológica do segundo mandamento, que é semelhante ao primeiro: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:31). 

Como já mencionamos, a graça da atenção plena à morte desperta o homem da morte eterna, ocasionada pelo pecado, e o separa de todas as coisas criadas, incluindo seus próprios apegos interiores. Ela inspira nele a sensação de absoluta necessidade da eternidade de Deus. Ao mesmo tempo, esta graça cria uma comunhão pessoal com Deus e com todos os homens, pois eles são como ele mesmo é. Ele também está unido com toda a criação, que geme sob a mesma condenação à morte. Sua sede de vida eterna e seu medo de não alcançar o grande objetivo de sua existência geram oração ao Autor da vida, enquanto o medo da perdição torna o espírito contrito e revela o coração. 
  
  
O temor da condenação no 'tribunal divino da oração' concentra todos os seus pensamentos em uma única preocupação: "não perder tal Deus e deixar de ser indigno Dele" .17 E quanto mais contrição se sente quando se está diante de Deus com temor, mais fervorosa será sua oração de arrependimento. 
  
  
Para que esta oração dê fruto, pela graça do arrependimento, que deriva da Crucificação e Ressurreição do Senhor, o homem deve continuamente aprofundar a consciência de sua pecaminosidade. Censurando-se e ajudado pela graça do Espírito Santo, ele chega a um ponto de convicção, e sente que ele é o pior e a mais baixa de todas as criaturas.18 E por causa de sua humildade, sua oração torna-se mais aceitável a Deus, que concede um presente ainda maior da Graça sobre ele. 
  
  
O temor e a humildade preparam a mente do homem para a crucificação através dos mandamentos do Evangelho. Crucificada e, portanto, libertada, a mente se entrega ao chamado de Cristo. O homem agora se coloca firmemente no caminho de Cristo e se humilha de acordo com a humilde descida do Senhor. Sua mente desce ao coração e se une a ele, encontrando o "lugar" de sua iniciação no mistério da comunhão do homem com Deus. É neste lugar que o Espírito do Senhor reza, operando a unificação do ser inteiro do homem. 
  
  
Durante a sua descida e união com o coração, a mente do homem é refinada pela graça de Deus. No fervor do arrependimento, ele se despede de todas as coisas criadas e liberta-se de todo apego, despojando-se de todo desejo ou pensamento dessa existência temporal. A dor causada por seu agudo senso de pecado, agora concentra a atenção da mente no coração. Na medida em que a mente permanece no coração, em sua oração de arrependimento, a graça do Espírito Santo aumenta a chama de seu amor por Cristo, iluminando sua mente através da contemplação do semblante de Cristo. O semblante manso e humilde de Cristo atinge a alma de tal forma, que o seu assombro dá origem a grande alegria interior e a esperança de uma eventual abolição de sua mortalidade. Assim é o homem inspirado e seu espírito elevado a partir de sua contrição anterior. 

Falamos acima sobre a crucificação da mente, sua alienação dos apegos e, finalmente, sua descida ao coração. Esta jornada do espírito humano durante o período de oração de arrependimento é cheia de dor e sofrimento. É uma jornada esplêndida, como Pe Sofrônio diz, mas a palavra do Senhor é imutável: 'No mundo tereis aflições' (João 16:33) .19 No entanto, quem reza desfruta de grande liberdade espiritual em sua capacidade de amar o Deus de sua salvação, porque a emanação da palavra de Cristo prevalece em todo o sofrimento de sua consciência. 
  
  
O penitente experimenta uma forte atração por Deus, que envolve todo o seu ser e transmite à sua mente e coração uma sede distinta e ardente pelo Senhor, e ele vai em busca do Santo dos Santos.20 Este poderoso desejo do homem de se aproximar de Deus purifica seu coração de todo elemento estranho, por sua intensidade e fervor, tornando-o livre para direcionar todo seu ímpeto para buscar pelo Senhor, por Aquele que é "o desejo extremo dos que O amam". De acordo com Pe Sofrôniohá uma "abrangência de alcançar Deus em [um] desejo terrível por Ele, até o ponto da morte" .22 
  
  
Quanto maior é o tempo que homem permanece em oração, mais a intensidade e o fervor de seu arrependimento atraem a abundante graça do Espírito Santo. Seu corpo é então fortalecido pela graça, para suportar ainda mais ascetismo espiritual, enquanto a própria energia de sua oração abre seu coração para que seus segredos mais escuros possam ser revelados e purificados. Eventualmente, cada canto de sua alma será iluminado, e ele perceberá o mistério da instrução do Senhor, como o caminho para sua completa renovação. Isto pode ser desanimador para aqueles que são orgulhosos e estão alienados da graça, mas conforta e inspira aqueles que verdadeiramente se entregaram a Deus em fé, porque Ele conhece seu íntimo e, possivelmente, o inexprimível desejo de união com Ele. Segue-se, portanto, que o próprio Espírito Santo "faz a intercessão pelos santos" com "gemidos [do coração] que não podem ser proferidos" (cf. Rom. 8: 26-27). 

Se a oração de arrependimento for prolongada e a graça se acumular correspondentemente, o coração continuará a ser purificado e iluminado. De modo imperceptível, mas seguro, a palavra de Cristo se tornará a única lei da existência daquele que verdadeiramente se arrepende.23 A observância dos mandamentos do Senhor, de acordo com a experiência dPe Sofrônio, tem como consequência normal "uma redução extrema de si mesmo - um auto esvaziamento" .24 Em outras palavras, estamos esvaziados de nossa dedicação amorosa a nós mesmospara que o pacto que fizemos com Cristo no batismo seja renovado "para que não sirvamos ao pecado" (Rm 6: 6), e que "os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Coríntios. 5:15). A intensa oração de arrependimento, dedicada exclusivamente a união com Cristo "que nos amou até ao fim" (cf. Jo 13, 1), unifica todos os poderes da alma, tdos movimentos da mente e do coração, para que possam dignamente responder ao amor divino do Redentor. 
  
Quando a tarefa da oração de arrependimento atinge a plenitude prevista e pré-ordenada por Deus, então "é hora de o Senhor operar" (Sl 119: 126). O penitente já convenceu Deus de que ele pertence a Ele de acordo com as palavras do Profeta: "Eu sou teu, salva-me" (Sl 118: 94). E o Senhor responde: "Tu és meu Filho; neste dia te gerei '(Salmos 2: 7). A resposta do Senhor é como um raio do céu, que sacode o coração do homem até os alicerces e ataca sua consciência com relâmpagos divinos. No começo, a palavra do Senhor trouxe o universo à existência; agora sua voz transmite o poder divino que abre e acelera o coração do homem. A abertura de seu coração significa a cura de sua personalidade, pois ele agora está espiritualmente renascido e foi adotado pelo Pai que é Eterno. 
  
Pe. Sofrônio expressa repetidamente um admirado espanto neste "momento de iluminação" 25, no qual o arrependimento total é recebido com intervenção divina.26 É um "milagre" que ocorre "repentinamente" e é "imprevisto" .27 Podemos comparar este momento ao Big Bang referido pelos astrônomos contemporâneos, ou melhor ainda, até o momento descrito no início do Livro do Gênesis: "E disse Deus : Haja luz: e houve luz" (Gn 1: 3). Neste momento o homem é muitas vezes ofuscado pela Luz incriada - em outras palavras, ele entra na eternidade viva do reino de Deus. 
  
Quando, no trabalho de seu arrependimento, o crente resiste à "prova de fogo" da comunhão nos "sofrimentos de Cristo" (1Pe 4: 12-13), ele passa sobre a "terra seca" desta era, “até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vosso coração” de acordo com a palavra de São Pedro, o líder dos apóstolos (2 Pedro 1:19). O homem então se torna verdadeiro e agora está comprometido com a tarefa de sua renovação, que ele realizará pelo resto de seus dias. Sua vida expressa a palavra profética do salmista: "O sol surge. . . o homem sai para a sua obra e para o seu trabalho até a tarde ”(Salmos 104: 22–23). A palavra dPe Sofrônio sobre a crise do mundo atual traz uma grande esperança: a desolação e a tragédia do sofrimento podem muito bem contribuir para um vasto e generalizado renascimento espiritual em uma grande multidão de almas. A luz dessa esperança é mais brilhante, pois o sofrimento abre o caminho para a poderosa oração de dimensões supracósmicasOração deste tipo é digna de Deus, e continuamente move o homem para um maior conhecimento de Deus e de Sua ação no coração do homem: "Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite" (Sl 19: 2). A oração deste tipo torna-se um condutor da revelação divina, redimindo a vida temporal do homem e justificando a existência do mundo. "Sua [oração] está indo adiante" "A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor"(cf. Sl 19: 6). Aquilo nos aquece e nos alegra. É o canal que transmite a revelação do Alto ” .28 
  
Este grande surgimento do Sol espiritual no coração do homem é o milagre de seu renascimento espiritual, o "Big Bang" de sua renovação. Além disso, concede conhecimento perfeito da luz do céu e também da medida de um homem verdadeiro, cujo coração está tão avultado, que sua oração abrange os confins da Terra e todas as gerações ao longo do tempo. Tendo recebido a visão da Luz divina e a experiência da eternidade, ele veste a imagem do homem celestial, do "segundo homem, o Senhor, desde o céu" (1 Coríntios 15:49, 47). 

Ao mesmo tempo, ele reconhece que deve deixar de lado a imagem do homem terreno, seu verdadeiro propósito é habitar com Deus, "n’Ele, em Sua eternidade" .29 É por isso que pe. Sofronio diz: "Eu preciso ver Cristo "como Ele é " para me confrontar com Ele e assim perceber minha" deformidade "; Eu não posso me conhecer a menos que eu tenha a Sua Santa Imagem diante de mim. 
  
Antes de tal intervenção divina na vida espiritual do homem, a forma ascética de arrependimento deve prevalecer enquanto o homem se esforçar para submeter seu espírito ao julgamento da palavra de Deus. Através do implacável e rigoroso exame cruzado dos movimentos de seu coração, ele é constantemente lembrado do fato de que ele não alcançou a altura dos dois grandes mandamentos e isso o leva a uma maior contrição e arrependimento. Esse tipo de arrependimento é caracterizado pelo tormento psicológico que acompanha o reconhecimento de transgressões, imperfeições, falhas e ignorância da pessoa.31 Depois do surgimento do Sol espiritual, porém, o arrependimento do crente assume um caráter mais firme e carismático. Daqui para frente, ele não mais tomará as ordenanças ou autoridades como seu ponto de referência, pois agora ele se refere em tudo ao próprio Senhor do Céu e da Terra, a cuja imagem ele se apega até mesmo quando a contempla em seu coração. Nesta forma de arrependimento, o fator divino é o mais prevalente, a transição tendo sido feita no espírito do homem, do nível psicológico ao nível ontológico da ação divina. Não é mais o homem que labuta, mas sim a graça de Deus que está com ele (cf. 1 Coríntios 15:10). 
  
Por esta altura, o homem é ensinado pelo próprio Deus. consciência de sua pecaminosidade é mais profunda, porque agora ele não se compara nem com o homem, nem com o anjo, mas com o Deus Criador e Todo-Poderoso. Cada ação ou movimento do coração, que diminui ou enfraquece a experiência da graça, é percebido como um afastamento do amor do Deus que ele encontrou. Em seu esforço para preservar a graça, seu arrependimento agora assume um caráter particularmente ascético, no qual a prática da humildade ascética prevalece, sendo seu ponto mais alto quando o homem se vê como o pior de todos os homens. A humildade pela qual o homem é inspirado nessa forma carismática de arrependimento é indescritível. É de Deus. O homem vê a forma mansa e humilde de Jesus em seu coração e se rende ao amor divino, e em seu anseio profético ele ecoa as palavras de São João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (cf. João 3 : 30). Ele fica impressionado com a forma do Senhor e agora se reconhece como sendo indigno de pertencer a tal Deus, que é extremamente humilde e nos amou até o fim (João 13: 1). 
  
A transição do nível psicológico para o nível ontológico da existência, que segue a oração de arrependimento, é acompanhada não apenas por um derramamento da Luz divina, mas também por uma inundação de amor divino, que abre e amplia o coração para abraçar o céu e a terra. Encaminhado pelo amor divino, o homem relaciona-se com o Deus pessoal como hipóstase. Ele traz toda a criação diante de Deus e intercede por toda alma humana. Um tipo de “transformador é implantado nele que, motivado pelo amor divino, o capacita a transformar toda energia criada em energia espiritual. Deste modo, ele trabalha antes de tudo para a sua salvação e depois para a salvação do mundo inteiro. As palavras do Apóstolo são então cumpridas: "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rom. 8:28). Toda energia, de alegria ou tristeza, é transformada na energia do arrependimento; os sofrimentos tornam-se materiais para a oração e expressões de amor (cf. 2 Coríntios 7:10; Tiago 5:13). 
  
De acordo com o PeSofrônio, a menos que ele encontre o Deus vivo, o homem não pode apreender o conhecimento necessário para a transformação de seus estados psicológicos em experiências espirituais, pelo menos, não em qualquer sentido ontológico profundo. Só o amor tem o poder de tornar cada estado que ele experimenta na vida, seja prazeroso ou doloroso, em algo benéfico e suportável. Toda transformação desse tipo contribui para a sua recuperação da eternidade, que em si se torna o conteúdo verdadeiramente vivo do homem, de acordo com seu desenvolvimento como hipóstase. Pe. Sofrônio sustenta que "toda nossa experiência multifacetada da vida, todo o sistema universal que contribui para nossa cognição, deve servir para nos preparar para um encontro pessoal com [Deus]" .32 Nos encontramos com o mesmo ensinamento em forma embrionária nos Padres do Deserto. Eles explicam que essa mudança é efetuada pelo uso de toda sensação, ou energia, recebida do mundo criado, voltando a atenção para a lembrança de Deus. Se um homem possui o conhecimento que é concedido àqueles que têm a mente de Cristo, ele transmuta as finitas energias terrestres que o assaltam em tal energia que ele pode usar para intensificar seu diálogo com Deus: ele 'leva cativo todo pensamento à obediência de [e amor] Cristo '(2 Cor. 10: 5). Mas, ao menos que ele seja instruído pela graça de Deus, o homem não pode ser nutrido pela 'comida sólida' dos sofrimentos agradáveis a Deus, nem suas faculdades poderão ser treinadas para discernir a justiça da Cruz, que conduz somente ao Reino dos céus ( cf. Hb 5:14). E tal treinamento é dado pelo próprio Cristo, que aceitou a perseguição e a punição de morte como o Cálice do Pai, a quem Ele orou sem voltar sua atenção para aqueles que o estavam crucificando. Em vez disso, Ele se confiou Àquele que julga corretamente e orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:24). 
  
Em arrependimentono nível psicológico, o homem oferece sua liberdade e sua vontade como sacrifício a Deus. Deus aceita esse sacrifício e recompensa o homem com graça, o que lhe permite superar as limitações de sua existência terrena e entrar na corrente de Sua eternidade.33 Essa mudança ontológica é uma revelação para o homem, e seu espírito é cativado por uma nova profundidade de oração, que o leva definitivamente além da estreita prisão deste mundo para a liberdade infinita de Deus.34 Na última página de seus escritos, São Silouan descreve os efeitos dessa revelação com a simplicidade que tanto caracteriza sua autenticidade. Como ele diz, o homem é capturado pelo amor de Deus: "O dia todo, a noite toda, minha alma é tomada por Ti, ó Senhor. . . . Nenhuma coisa terrena pode ocupar meus pensamentos - minha alma deseja apenas o Senhor. 
  
O evento radical, que é renovação do homem pela Luz divina e sua transição do nível psicológico para o ontológico da existência, não significa, contudo, um estado permanente na presente vida. Embora ofereça o verdadeiro conhecimento da Condescendência Misericordiosa de Deus ao homem, por um lado, ainda assim, por outro lado, ele traz firmemente a nossa vista o nada desprezível que é o homem. A visão da santidade eterna de Deus inunda a alma com gratidão e força até então desconhecidas, mas, ao mesmo tempo, o homem é desafiado pelo horror insuportável de sua pobreza espiritual, pois agora sabe quão grave seria seu fracasso em cumprir seu destino pré-eterno, que é estar unido com o Deus do amor por toda a eternidade. A experiência do amor puro de Cristo, que é transmitido com a visão da Sua imagem, traz um tipo totalmente diferente de arrependimento, um arrependimento mais pleno, que envolve todo o ser do homem. A luz da graça ajuda o homem a aprofundar-se no mistério de sua pobreza espiritual, e ele se afasta de si mesmo, derramando lágrimas amargas por sua inutilidade. Ele está em completo desespero sobre si mesmo, mas ao mesmo tempo confia plenamente em Deus, "que ressuscita os mortos" (2 Co 1: 9). Tal desespero é carismático, pois dá energia e asas à oração, de modo a trazer a totalidade do homem para a esfera do Espírito eterno. A onda ascendente do espírito é também transmitida ao corpo, que tanto anseia pelo Deus vivo. Isto significa a santificação do corpo, que é reforçado com graça para levar amor divino. 
  
A alternância entre os dois aspectos da visão que descrevemos leva o homem à máxima intensidade do arrependimento. Ele penetra em espírito no desígnio eterno de Deus, o Salvador, para Suas criaturas razoáveis, e isso dá origem a um desejo insuportável de superar os limites estreitos de sua queda e mergulhar no abismo insondável do mundo espiritual. Nessa esfera espiritual, "não há nada nem ninguém a não ser o Deus do amor e uma visão de sua infinitude" .36 O homem então vê seu inferno interior à luz da santidade de Deus e na queima de Seu amor puro, e isso provoca na alma um desejo irresistível de 'sair das cadeias sufocantes da nossa Queda' e ser totalmente entregue ao Deus que é a Luz do Amor. 

O poder espiritual dessa dupla visão estabelece e inspira o homem em seu arrependimento, que é agora de proporções ontológicas adâmicas. Inicialmente, ele vive o "inferno" de seu arrependimento pessoal a fim de cumprir o primeiro grande mandamento - amar a Deus. Na medida em que ele assimila a imagem e o espírito do Segundo Adão, ele também descobre sua unidade ontológica com toda a raça de homens mortais. Ele agora entende o amor de Cristo pelo mundo "até o fim", e ele pode afirmar como ele mesmo está aquém de cumprir o segundo mandamento - amar o próximo, isto é, todos os seus semelhantes. Assim como Cristo ofereceu a própria vida, ele também desceu em um verdadeiro "inferno de amor" no espírito de Cristo, e oferece arrependimento inabalável em nome de todo o Adão. De acordo com o pe. Sofrônio, o grau final desse arrependimento, embora inatingível na Terra, levaria alguém ao pleno conhecimento do "Deus Único em Três Pessoas e nossa própria imortalidade" .38 
  
Somente esta visão dupla é forte o suficiente para despertar o homem do sono do pecado que perdura pelos séculos.39 Deixa-o entre o "inferno" do autoconhecimento e o abismo do conhecimento de Deus, e assim o leva a um conhecimento completo que abrange todas as dimensões do mundo espiritual. O ímpeto de seu arrependimento é poderoso o suficiente para "transportá-lo a fronteiras imprevistas, onde ele experimenta uma antecipação da universalidade divina" .40 Se ele trilhar o caminho do arrependimento até o fim, seu espírito "conhecerá as coisas do homem" e o Espírito Santo, a quem ele agora recebeu, capacitará a 'buscar as coisas profundas de Deus' (1 Coríntios 2). A visão da santidade de Deus, por um lado, e o nada do homem, por outro, torna o homem semelhante a Deus. Esta semelhança é poderosa além da medida, e nem na terra nem no céu pode haver um fim para ela, visto que Cristo é inatingível na perfeição de Seu amor. 
  
  
Perguntas e respostas 
  
Pergunta 1: Existe uma diferença entre oração e adoração? Em outras palavras, quando oramos, estamos adorando, e quando adoramos, estamos orando ou eles podem ser diferentes? Você também mencionou que, com o sofrimento, devolvemos nosso amor a Deus. Sendo Cristãos Ortodoxos, devemos entender que não podemos retornar este amor a Deus ou praticar plenamente nossa fé se não estamos sofrendo, ou se não passamos por períodos em que vamos tão longe a ponto de experimentar a luxúria? 
  
Resposta 1: Estas são duas questões muito grandes. Vamos precisar de outra conversa! Tomemos a primeiro: oração e adoração. Adoração é um termo mais geral e abrangente, enquanto a oração é uma atividade de adoração. A adoração é mais como a troca da vida do homem pela vida de Deus, que acontece na Divina Liturgia, por exemplo. A Divina Liturgia é adoração; há oração e toda uma vida ali, a vida de Cristo. Na Santa Eucaristia, realizamos a troca de nossa vida limitada e temporal pela vida ilimitada e infinita de Deus. Oferecemos a Deus um pedaço de pão e um pouco de vinho, mas nesse pão e vinho colocamos toda a nossa fé, amor, humildade e expectativa d’Ele, toda a nossa vida. E nós dizemos a Deus: "Os Teus dons, a Ti oferecemos em todos e para todos." Oferecemos a Deus toda a nossa vida, tendo nos preparado para vir, estar e realizar este ato diante dEle. E Deus faz o mesmo: Ele aceita a oferta do homem e Ele coloca Sua vida - o Espírito Santo - nos dons, transmutando-os em Seu Corpo e Sangue, no qual toda a plenitude da Divindade está presente, e Ele diz ao homem: “Santos dons para os santos.” Deus aceita nossos dons e os preenche com Sua vida, e Ele os traz de volta para nós. Consequentemente, poderíamos dizer que a adoração é uma coisa mais completa. Na oração também fazemos essa troca, mas é mais unilateral. 
  
Sua segunda pergunta é muito difícil. Deus demonstrou Seu amor por nós com a morte sofrida por nós, e Ele nos deu a possibilidade, através do sofrimento, de mostrar nosso amor por Ele. Neste mundo, Cristo está sofrendo, diz São Paulo (Atos 26:23), e se somos membros de Seu Corpo, não podemos ficar sem dor enquanto a Cabeça deste Corpo carrega uma coroa de espinhos. Se entendermos isso, o sofrimento se torna um privilégio para aqueles que pertencem a esse Corpo: o privilégio de mostrar sua unidade harmoniosa com o Corpo. É por isso que São Pedro diz em sua epístola: O julgamento deve começar na casa de Deus. . . . E se os justos dificilmente são salvos, onde aparecerão os ímpios e os pecadores? '(1 Pedro 4:17) Quando Deus entregou seu Filho Unigênito à morte, Ele também entregou Seu próprio povo, Seus eleitos, ao sofrimento, para provar que eles eram 'Sua casa', isto é, Sua morada, porque Ele vive neles. Assim, se percebermos o sofrimento através dessa perspectiva, isto torna-se um grande privilégio e honra, e o sinal de nossa eleição pelo Pai Celestial sofrer o mesmo julgamento que Seu Filho teve neste mundo e sermos entregues também à morte. 

A morte por causa de Deus, por causa de seus mandamentos, é uma morte que sentencia a morte, assim como a morte de nosso Senhor condenou e destruiu a morte. Todos os santos de Deus são entregues a tal sofrimento. Muitas vezes, pela providência de Deus, o Senhor permite que provem o inferno - não para serem destruídos, mas para sondar o mistério da descida de Cristo ao Hades, a fim de conhecer o Totus Christus e Seu caminho, do Céu dos Céus até as mais profundas partes da terra. " ( Que significa "ele subiu", senão que também descera às profundezas da terra?", Diz São Paulo maravilhado (Efésios 4: 9). Este é o caminho de Cristo: primeiro, Ele desceu e então ascendeu, e todos os Seus santos, através do sofrimento, tiveram o privilégio de provar que são a habitação de Deus e de receber o conhecimento de toda extensão do caminho de Cristo. Consequentemente, quando o sofrimento é imaginado de tal maneira é uma maravilha, uma grande honra e um dom sobrenatural. É por isso que não ficamos impressionados com teorias budistas que tentam inventar maneiras de desvincular-se do sofrimento, porque temos a possibilidade, através do sofrimento, de nos tornarmos filhos de Deus, de compartilhar a vitória do Filho de Deus sobre a morte. O que é importante, como São Pedro diz em sua epístola, é que sofremos inocentemente, não de maneira pecaminosa (1 Pe 2:19). 
  
Em Nicomédia, vinte mil mártires caminhavam em direção ao martírio. Eles estavam prestes a sofrer a morte pela causa de Cristo, mas em seu caminho para o martírio, um deles rasgou um “retrato” do imperador. Consequentemente, a Igreja não o incluiu entre os mártires. Ele havia cometido uma transgressão que poderia ser punida pela lei do Estado, enquanto os outros eram levados como ovelhas ao matadouro, e seu martírio era reconhecido como glorioso. Aquele que rasgou o retrato foi morto com os outros, e provavelmente Deus recebeu seu martírio; mas porque ele reagiu de uma maneira que traiu certa resistência ao maligno, a Igreja não o contou com os outros. Cristo diz: "Não resistais ao perverso" (Mt 5:39), e Ele mesmo nos deu um exemplo; Ele foi conduzido como um cordeiro para o matadouro e como uma ovelha diante do tosquiador, diz o profeta Isaías (Isaías 53: 7), e Ele foi odiado sem uma causa (João 15:25). É importante que aprendamos o ethos, o modo de vida inspirado pela Divina Liturgia. Nós sacerdotes começamos a Prothesis dizendo, "como uma ovelha Ele foi levado ao abate e como um cordeiro diante de seu tosquiador. Em Sua humilhação, Seu julgamento foi levantado. ”Esse é o ethos que a Divina Liturgia inspira; e este é o ethos que conquista a morte! Foi assim que o Senhor venceu a morte em nosso lugar e conquistou esse mundo caído em pecado. Não devemos nos sentir atraídos pelo espírito deste mundo e nos vingar ou lutar por nossa justificação, devemos antes sofrer injustiças. Como diz São Paulo: "Por que não preferes sofrer injustiça?” em vez de ir aos tribunais civis (1 Cor. 6: 7). Ele preferiu que seus discípulos sofressem injustiças do que lutar por sua justificação, mesmo quando estavam humanamente corretos. Esse princípio perfeito é inspirado pelo caminho do Senhor. Claro que, vivendo neste mundo, devemos fazer de acordo com a nossa medida em cada situação. Para nós, o mais alto modelo e referência é o que o próprio Senhor nos mostrou. 
  
Eu poderia dizer ainda mais, se você desejar, respondendo a segunda pergunta. Por exemplo, a Mãe de Deus não deveria ter morrido, segundo a tradição dos santos, porque nunca pecou, nem por um só pensamento, e quem não peca não morre. No entanto, ela aceitou a morte, mas apenas por três dias; então ela se levantou novamente e foi conduzida para o céu. Ela passou pela morte para seguir o caminho de seu Filho, para que sua morte também fosse uma condenação para a morte, sendo uma morte inocente por causa de sua impecabilidade. São Máximo, o Confessor, diz que aqueles que recebem o batismo e não pecam depois disso, normalmente não devem morrer, nem mesmo uma morte física. Ainda assim, Deus permite que eles morram, mas a morte deles é uma condenação da morte, assim como a morte de Cristo foi uma condenação da morte. 
  
Pergunta 2: Estamos vivendo em um contexto em que nosso sofrimento é realmente reduzido de acordo com o quanto estamos bem diante dessa cultura. Além disso, em uma cultura como essa, nos é dito que o sofrimento deve ser evitado, medicado e assim por diante. Eu pensei que talvez você pudesse comentar sobre isso. 

Resposta 2: A cultura deste mundo é evitar o sofrimento e criar conforto. Todos nós sabemos disso e somos filhos deste mundo. Mas no Evangelho, há uma perspectiva invertida: todas as coisas que são apreciadas pelo homem são uma abominação para Deus. Eu me lembro de uma expressão muito bonita de Santo Isaac, o Sírio, que disse que ninguém jamais subiu ao céu com conforto. Todos nós tentamos evitar a dor e o sofrimento, e eu faço o mesmo. Mas pelo menos devemos saber a verdade sobre o sofrimento, para poder suportá-lo corajosamente quando não podemos evitá-lo. Então Deus pode nos dar a graça de nos elevarmos acima dela. É bom saber o que é verdadeiro e divinamente apreciado por Deus. Podemos chegar a um ponto em nossa vida em que aplicaremos essa teoria e então saberemos a veracidade do assunto. 
  
Li nos Santos Padres que Deus aprecia três coisas: oração pura, obediência monástica e gratidão quando somos ameaçados pela morte, por causa de alguma doença, perseguição ou tribulação. Uma vez fui ao hospital para fazer uma operação. Eu tive que ficar lá por uma semana e o pensamento que veio à minha mente foi que eu tinha a possibilidade de experimentar uma dessas três coisas. Decidi que, durante todo esse tempo, eu não faria nenhuma outra oração, mas somente: "Glória a Ti, ó Deus, glória a Ti. Agradeço a Ti por todas as coisas. ” Eu rezei por vários dias e, no final da semana, foi tão bonito, reconfortante e luminoso, que fiquei triste por deixar o hospital. Assim, o fato de ter lido em algum lugar, que agradecer pela doença era agradável a Deus, foi importante, porque quando chegou a hora da necessidade, eu conhecia a teoria e a apliquei, e Deus veio em minha ajuda. Então, é bom saber o que é perfeito e apreciado por Deus. Toda a verdade do Evangelho que nos é contada, e sobre a qual lemos, virá a calhar no momento de necessidade e nos salvará. 
  
Se o sofrimento é o sinal da nossa eleição por Deus, por que então oramos para sermos poupados do sofrimento e termos um fim indolor e pacífico? O mesmo acontece com as tentações: na oração do Senhor, rogamos a Deus que não sejamos levados à tentação, mas o Santo Apóstolo Tiago diz que, quando caímos na tentação, devemos considerá-la uma alegria, porque temos a chance de provar nossa fidelidade. a Deus (cf. Tg 1: 2, 12). Nas tentações e sofrimentos, não somos nós que fazemos os planos, não escolhemos a nossa cruz, mas aceitamos a Cruz que a onisciênte Providência de Deus permite em nossa vida. Deus sabe quão grande ou pequena é a cruz que precisamos. Ele nos dará exatamente aquela cruz que é absolutamente certa e necessária para sermos desvinculados de todos os nossos apegos nesta vida transitória, e para corrermos atrás de Cristo com um coração livre. Consequentemente, não somos nós quem escolhemos; A providência divina estabelece o plano para nossa vida. É claro que rezamos para sermos poupados do sofrimento e para termos um final pacífico e indolor, porque não sabemos se seremos capazes de suportar o sofrimento ou se ficaremos desanimados. Como nas tentações, nós oramos para sermos poupados das aflições, mas se elas vierem, então, na força do Espírito de Deus, nós as suportaremos. Muitas pessoas arrogantemente escolhem sua cruz, e tornam-se desanimadas e caem. Lembramos como o Grande e Santo Apóstolo Pedro aprendeu sua lição. Se formos fiéis naquilo que é pequeno e o suportamos, nos será acrescentada força para nos ajudar a suportar aquilo que é maior e seremos ainda mais fiéis a Deus. 


NOTAS 
1. Cf. On Prayer, op. cit., Ch.1. 
2. Cf. ibid., pp. 110–111. 
3. We Shall See Him As He Is, op. cit., p.11. 
4. Cf. On Prayer, op. cit., p. 12. 
5. Ibid., p. 115. 
6. Cf. On Prayer, ibid., pp. 26, 57. 
7. Ibid., p. 84 
8. Cf. We Shall See Him As He Is, op. cit., p. 37. 
9. Ibid., p. 26. 
10. Ibid., p. 41. 
11. São João Clímaco, The Ladder of Divine Ascent, op. cit., Step 28:1 (London: Faber and Faber, 1959), p. 250. 
12. On Prayer, op. cit., p. 52. 
13. Saint Silouan, op. cit., pp. 208–221. 
14. Ibid., p. 435. 
15. Ibid., p. 347. 
16. On Prayer, op. cit., p. 175. 
17. Ibid., p. 21. 
18. Ibid., p. 157. 
19. We Shall See Him As He Is, op. cit., p. 222. 
 20. Ibid., p. 67. 
21. Súplicas à Mãe de Deus.  
22. We Shall See Him As He Is, op. cit., p. 178. 
23. Ibid., p. 229. 
24. Ibid., p. 145. 
25. Ibid., p. 222. 
26. Ibid., pp. 46-47. 
27. On Prayer, op. cit., p. 128; We Shall See Him As He Is, op. cit., pp. 67, 164. 
28. On Prayer, ibid., p. 129. 
29. Cf. We Shall See Him As He Is, op. cit., p. 68. 
30. Ibid., p. 59. 
31. Ibid., p. 42. 
32. Ibid., p. 214. 
33. Cf. ibid., p. 152. 
34. Ibid., p. 198. 
35. Saint Silouan, op. cit., p. 504. 
36. We Shall See Him As He Is, op. cit., pp. 44–45. 
37. Ibid., p. 22. 
38. Ibid., p. 36. 
39. Ibid., p. 21. 
40. Ibid., p. 88. 


tradução: Hipodiácono Paísios