quinta-feira

Atenção ao dia do Juízo Final. Você pensa que Deus está dormindo? - Arquimandrita Gregorios(Estephan)




Por Arquimandrita Gregorios(Estephan) - Abade do Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus - Bkefitine

O Dia do Julgamento não está dissociado da vida que vivemos agora, pois desde os dias da Encarnação de Cristo, o estágio final da economia da salvação do homem começou - o [estágio de vigília] pelo Reino Celestial. O próprio Cristo revelou essa verdade no início de Sua pregação, quando disse que o Reino Celestial está próximo. 
  
Portanto, a Encarnação de Cristo foi o começo do fim, e agora aguardamos o cumprimento do fim e a revelação final do Reino Celestial, que seguirá o Julgamento de todos os homens. Pois Cristo nos disse claramente que: Ele “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou” (Atos 17:31), retribuirá a cada um conforme o seu procedimento" (Rm 2:6) 
  
Hoje em dia, existem muitos que tentam negar a verdade do Juízo Final e a visão daquele dia terrível, ou pelo menos tentam desdenhar dessa verdade; eles tentam erradicar todas as ideias que lembram a "morte" e o "julgamento." Considerando que as Escrituras Sagradas, desde o Antigo Testamento, descrevem aquele dia, dizendo que será um dia terrível de aflição: Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor? (Amós 5:20); Toda a terra será consumida pelo fogo do seu zelo (Sofonias 1:18); Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. (Is 13: 9). 
  
A missão da Igreja sempre foi nos lembrar a verdade do julgamento. São Policarpo, no século II, diz: "Quem nega a Ressurreição e o julgamento é o primogênito de Satanás". 
  
Muitos em nossos tempos perguntam sobre os sinais do fim dos tempos e do Julgamento, e se esses sinais começaram a aparecer. A Sagrada Escritura fala claramente sobre aqueles dias, sobre o aumento das transgressões e o agravamento dos males naturais e morais. A intensificação dos desastres naturais nada mais é do que a consequência inevitável do agravamento da blasfêmia do homem e de sua apostasia de Deus. O sinal da apostasia total será aparente na vida do homem. 
  
O que é interessante nos sinais do fim dos tempos, como observado pelo apóstolo Paulo, é que eles são os mesmos sinais que precederam a primeira vinda de Cristo. Antes de Sua primeira vinda, as nações viviam em perversão sexual abominável, onde os homens substituíam o uso natural de seus corpos para fazer coisas que não eram adequadas e estavam cheios de toda injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis(Romanos 1: 19-31). 
  
É assim que a vida era antes da primeira vinda de Cristo. O apóstolo Paulo também fala sobre o estado em que os homens estarão antes da segunda vinda de Cristo: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder (2 Tim. 3: 1-5). O mais perigoso de todos os indícios dos últimos dias é essa disseminação abominável da perversão sexual e sua legalização em nossa época, que nada mais é do que uma imagem da plenitude da corrupção. 
  
O mundo vivia em feia idolatria; o homem começou a adorar a si mesmo e suas paixões se tornaram seus deuses: ele os adora, os nutre e vive para satisfazer suas fantasias e paixões de maneira animal. Cristo veio e mudou a imagem deste mundo blasfemador, seus princípios e todo o seu modo de vida. Os preceitos do Evangelho se tornaram o espírito no qual os diferentes povos que O conheciam fundaram as leis de sua vida comum. Mas nos últimos dias que precedem o dia da Segunda Vinda de Cristo, o mundo retornará, de acordo com o apóstolo Paulo, a essa nova idolatria que negará os preceitos do Evangelho, glorificando o egoísmo do homem e nada vendo nele, exceto paixões e fantasias animalescas. Essa idolatria destrói a obra de Deus, e toda a Sua criação "muito boa", para torná-la "muito repulsiva". 
  
Além disso, entre os sinais de que o Dia do Julgamento está próximo, está a terrível perseguição dos verdadeiros fiéis. Os poucos que permanecerão firmes junto ao verdadeiro Cristo, e resistirão ao anticristo que virá da parte de Satanás, fugirão para o deserto [NdoT: locais ermos, afastados, vastos]. As Igrejas comuns se submeterão ao espírito de apostasia, e sua adoração não será aceita por Deus. 

Santo Hipólito, no século III, descrevendo os últimos dias, diz: “E as igrejas também lamentarão com uma poderosa lamentação, porque nem oblação e nem incenso serão oferecidos, nem serviço aceitável a Deus [será celebrado]; mas os santuários das Igrejas se tornarão como uma cabana dos vigias de jardins, e o Corpo e o Sangue de Cristo não serão oferecidos naqueles dias. O serviço público de Deus será extinto, a salmodia cessará, a leitura das Escrituras não será ouvida; mas para os homens haverá trevas e lamentação sobre lamentação, e ‘’ai’’ em ‘’ai ”. "
  
Pois Satanás, que nunca dorme, conseguiu impor sua nova lei aos homens que trocavam a verdade de Deus pela mentira (Rm 1:25), substituindo a lei da graça pela lei do pecado e a apostasia da verdade. E agora Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios (1 Tim. 4: 1). 
  
Qual é a relação entre a verdade e Cristo? O apóstolo Paulo tem em mente a apostasia da fé verdadeira e correta, não a total descrença. Quem se afasta da Verdadeira Fé segue, automaticamente, o espírito dos demônios. É por isso que o fim dos tempos verá uma multiplicação de falsos profetas e pais de todas as heterodoxias e heresias, que trabalham pela vontade de Satanás, que odiaram a verdadeira Igreja de Cristo, com seus dogmas e cânones divinos, desde o início. 
  
Portanto, no dia do Justo Juízo, conforme descrito pelo Evangelista Mateus, as obras dos homens serão medidas pelo critério da fé e pelo conhecimento de Cristo. As obras não serão um critério em si mesmas, mas sim as obras de fé e o conhecimento do Filho de Deus. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus(Jo. 3:18). A conexão entre obras e fé em Cristo é clara nas Escrituras: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem vida eterna, e não entrará em julgamento (João 5:24). 
  
Nossas boas obras merecem a recompensa de Deus se elas forem o fruto dessa Verdadeira Fé. É impossível alcançar a Cristo por meio de obras externas, não importa quão boas elas sejam.  Podemos alcança-Lo apenas mediante a transformação do coração interior através da Verdadeira Fé Ortodoxa. Pois a Verdade é o dom perfeito de Deus, para que o homem possa seguir o Verdadeiro Cristo e exercitar as virtudes na graça, e não através das paixões. Fora da Verdade não há Cristo, nem fé, nem boas obras, mas idolatria, paixões humanas e corações inclinados à imundície. 
  
O julgamento deste mundo está próximo. Nossa corrupção superou a corrupção de Sodoma e Gomorra, a de Nínive e de todo o mundo antes do dilúvio de Noé. Não há fim para toda essa apostasia, blasfêmia e todos esses males e corrupção? Você acha que Deus dorme e permitirá que Seu nome seja apagado entre os povos e blasfemado por suas obras sujas? Você acha que Deus dorme e permitirá que os males dos homens destruam Sua boa criação e distorçam a obra de Suas mãos? A ira de Deus está sobre o homem, pois eles estavam comendo, bebendo, casando e dando em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca (Mt 24:38). 
  
Deus exige arrependimento dos cristãos, pois somente o arrependido pode mudar a decisão de Deus de apressar o julgamento. O chamado de João Batista e de Cristo: "Arrependam-se, pois o Reino do Céu está próximo", significa que necessitamos de arrependimento, pois o julgamento de Deus está próximo, e ninguém entra no Reino Celestial sem arrependimento. Onde o verdadeiro arrependimento permanece e habita não há julgamento. No entanto, não parece que o mundo regressará a um estado de arrependimento honesto, como fez o povo de Nínive na antiguidade. É claro que a transgressão do mundo, sua blasfêmia e sua apostasia do verdadeiro Cristo, tornaram-se firmemente estabelecidas e sem volta, e este é o maior sinal da última era. 
  
Deus não dorme, e se Ele ainda está nos dando trégua, apesar de nossos pecados e da nossa falta de frutos de arrependimento, é por conta dos escolhidos, dos remanescentes (os Santos) que, através de suas lutas, ainda estão jejuando, orando e se arrependendo para serem salvos e resistirem ao pecado, corrupção e transgressão deste mundo. Quanto mais diminui o número desses lutadores, mais nos aproximamos do julgamento de Deus, quando os impenitentes acumulam a ira contra si, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o Seu justo julgamento. (Romanos 2: 5). 


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