terça-feira

Sobre o Evangelho de Lucas 8: 5-10 e os Ícones - Arquimandrita Pandeleimon(Farah)




Sobre o Evangelho de Lucas 8: 5-10 e os Ícones

- 11 de outubro de 2009 – Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus - Hamatoura


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POR ARQUIMANDRITA PANDELEIMON(FARAH) – ABADE DO MOSTEIRO DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS - HAMATOURA


São Lucas se concentra no fato de que aqueles que dão frutos, dão frutos através da paciência. Eles não se queixam, mas permanecem firmes em sua luta e oferecem o melhor que podem pelo amor a Cristo. Então eles dão frutos com paciência e não às pressas. Quanto aos que desejam grandes resultados rapidamente, agem de forma imprudente, porque a vida espiritual não ocorre de maneira aleatória e apressada. [Ela]Vem lenta e conscientemente, através da harmonia da obra que Deus [nos]dá e do esforço que o homem oferece. Na segunda passagem que lemos, podemos ouvir dizer: aqueles que dão frutos, dão exatamente porque são fruto da cooperação entre a Graça de Deus e seu esforço. Eles vivem de acordo com essa Palavra e são santificados nela. Somente na luz do Senhor eles podem ver o que o Senhor deseja e qual é exatamente a Sua vontade para vida deles, e como eles devem se comportar.

Nesta vida, às vezes passamos por momentos difíceis em que somos solicitados a fazer coisas que ainda não estamos preparados para fazer, mas que, no entanto, são solicitadas a nós. Qual é a atitude que devemos tomar? Quando lemos o Evangelho, nossa mente se ilumina e somos elevados ao céu, e tentamos aplicar esses ditos que ouvimos e aprendemos. Quando os aplicamos, os eventos de nossa vida e as pessoas ao nosso redor se opõem a nós, mas Deus tem o poder, naquele momento, de iluminar nossas mentes, se elas forem realmente direcionadas a Ele, e nos ensinar qual é o bom caminho e quais as palavras que nos são úteis naquele momento. Não temamos, antes, permaneçamos firmes em nossa luta e em nossas obras e, principalmente, em nossa paciência, até que produzamos bons frutos. “Quem pratica o bem e o ensina, esse é chamado de grande no reino de Deus.” Mas quem resmunga está falando de si mesmo, enquanto seu coração não anseia por Deus e, portanto, suas ações não correspondem às suas palavras, ou pode-se dizer que ele ensina o que não faz. Assim, ele adentra em assuntos dos quais não tem experiência e, consequentemente, não produz bons frutos, porque não derrama seu coração, não oferece seus esforços, mas lê livros e diz o que leu ou o que ouviu de outras pessoas. Mas sua experiência pessoal é completamente estranha a tudo isso e, portanto, não dá frutos. Ele é apressado porque oferece soluções e oferece análises que não resultam de sua experiência e que ele não aprendeu por estar em harmonia com a vontade e os ensinamentos de Deus, e por isso peca. Suas palavras são vãs, porque ele não são precisas, não são benéficas e não constroem. Mesmo que ele use palavras sagradas, suas palavras são vãs, porque elas não o ajudam, elas não edificam a si e aos outros.

E assim devemos ser pacientes. Paciência não significa que permanecemos ociosos. Isso significa que continuamos em nossa obra e não a consideramos uma rotina que nos estrangula e mata, mas sim como um campo para o auto-exame diário. Todos os dias nos perguntamos: sabemos a vontade do Senhor? Nós amamos a vontade do Senhor? Fazemos isso com desejo e amor? Por exemplo, um monge que chega pela primeira vez a um mosteiro: não importa o que ele leu sobre monasticismo ou auto-sacrifício, sobre a vida e serviço espiritual, ele o leu à distância. Tão rapidamente ele se surpreende quando está no mosteiro, que não consegue ser obediente, por exemplo, que não pode se sacrificar. Se ele se apressa, não se mantém firme e não dá frutos; abandona-se no tédio e no desespero, e parte. Aquele que se conhece perfeitamente, que sabe que não é obediente, que não é humilde, que não possui virtudes verdadeiras, em sua paciência e harmonia com a ordem e a disciplina do mosteiro, torna-se santo, porque adquire essas virtudes com paciência e dá bons frutos. Então, quando ele fala com você sobre disciplina, você pode entender alguma coisa. Se ele fala com você antes de ter adquirido experiência, antes de ter atingido esse ponto de quebrantamento, sacrifício e obediência com toda humildade, ele não pode falar com você, porque tudo que você ouve da boca dele são palavras sem sentido e incompreensíveis, pois elas não surgem de sua experiência. Por essa razão, diz: eles dão frutos com paciência, ou seja, persistem nisso todos os dias. 

A virtude não vem tão apressadamente e não nos tornamos grandes santos rapidamente, porque não é mágica e não é apenas um botão que pressionamos. Leva toda a vida e sacrifício até a morte, a fim de dar bons frutos.

E assim, meu amado, em nossa celebração de hoje, dos Santos Padres que se reuniram no Sétimo Concílio Ecumênico e afirmaram a crença correta de que deveríamos venerar os ícones, aprendemos que [os ícones] são sinais que nos atraem à presença de Cristo e dos santos. Eles não são o próprio Cristo nem são os santos, mas são sinais que nos mostram a presença dos santos e a presença do Senhor Jesus. Da mesma forma, o sinal da Santa Cruz não é mágico, mas eleva nossas mentes até o evento da morte do Senhor na Cruz e a salvação que advém dessa morte e da Ressurreição. Ao mesmo tempo, não nos curvamos a eles porque são um deus, mas porque expressamos nosso respeito por essa humildade, porque temos certeza de que a graça de Deus e do Espírito Santo está presente neste ícone, porque a Graça é encontrada nessa pessoa a quem o ícone representa. Nós o honramos porque tem Graça e não é simplesmente uma tábua de madeira decorada. Carrega a Graça que Deus concede a esse santo em sua vida, luta e labuta, e que está presente em todos os seus objetivos, em tudo o que empreende e em tudo a que dá atenção. Essa graça divina também está presente nos ícones, porque através deles somos conscientizados da presença de Deus e da presença dos santos conosco. Mantemos ícones em nosso lar, mas não em qualquer lugar, e sim em um local adequado, onde lhes prestamos honra e respeito, porque com isso expressamos nosso amor por Cristo e por Seus santos. Expressamos nosso respeito por nosso Senhor e por Seus santos por cuja presença Ele dá bênçãos e entre os quais Seu nome é magnificado. Quando nos encontramos cercados por esses santos, sentimos descanso em nosso trabalho e em nossas lutas diárias, e nos enchemos de bênçãos e alegria, porque compartilhamos com eles. Tornamo-nos uma comunidade, como se fossemos "um" com estes Santos. Eles vêm até nós e nós erguemos nossas mentes a eles. Chegamos ao mesmo nível quando estamos cientes de que lutamos pelo amor de Cristo. E assim nós frutificamos e Seu nome brilha dentro de nós.

Deixe sua luz brilhar diante do povo, para que você não apenas venere ícones, mas para que vocês mesmos se tornem ícones, que mostrem a presença de Cristo e façam com que toda a criação se aproxime dEle. Quando eles te vêem, amam o Deus a Quem você representa e a Quem você transfere a eles e, assim, você faz santo a si e a toda criação. 

Que o Santo Senhor abençoe sua vida nesta manhã abençoada e que Ele faça de cada um de vocês uma luz brilhante que mostrará a vida de Cristo e Sua salvação e que dê bons frutos através de um esforço santo, com paciência firme, através da qual possa ser estabelecido no Paraíso do Senhor. Amém.





tradução: Hipodiácono Paísios


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