sábado

O Cedro do Líbano: São Jacó, o Mártir e o Renascimento de Hamatoura







por Pe John Valadez


Acima do rio Kadeesha fica uma pérola de luta ascética, do qual este mundo é indigno. Enterrado nas cavernas do Monte Hamatoura existe o Mosteiro da Dormição de Theotokos, com vista para uma terra que floresceu em fervor monástico. Até o final dos anos 90, este mosteiro estava em ruínas, desabitado e esquecido desde os tempos de perseguição e da incansável espada da devastação mameluca. Geronda Panteleimon, que viveu em obediência ao Ancião Isaac (Attalah) e ao recém-canonizado São Paisios, recebeu uma visita de um mártir esquecido que o orientou a reconstruir seu mosteiro no Líbano, a terra natal de Geronda Panteleimon. Este mártir é São Jacó de Hamatoura, cuja habitação no deserto é agora re-habitada e reacendida, tornando-se um oásis espiritual para monges e todas as pessoas que buscam a Verdade.

parte da nova geração de monges de Hamatoura. Ao centro, Arquimandrita Panteleimon

São Jacó lutou no ascetismo, derramando lágrimas no Monastério da Dormição de Theotokos no século XV, sob o domínio brutal dos Mamelucos. Jacó reconstruiu essa morada monástica e fez dela, mais uma vez uma, fonte de ascetismo em um deserto que se opunha ao Deus Triúno. Almas buscadoras e aqueles que estavam espiritualmente com sede começaram a se reunir no deserto para beber da doce água espiritual de Hamatoura e procurar o santo que a reviveu. Transformando as cavernas estéreis do Monte em um lugar onde peregrinos e moradores do deserto encontraram o Deus Encarnado, a luz de Hamatoura começou a chegar às sombras de uma terra mantida em cativeiro pelos invasores.

Mosteiro de Hamatoura

A fama do grande santo se espalhou e o conhecimento de sua oração transformadora e vida exemplar começou a ser conhecido entre as autoridades hostis. Eles procuraram o homem santo, perversamente tentando  fazer dele um exemplo convertendo-o ao Islã. Jacó continuou firme, recusando-se a aceitar o jugo obscuro de outro deus, e por isso sua fama se espalhou ainda mais. Enfurecidos, os mamelucos procuraram lidar com o infiel à espada. Quando o santo recuou para encontrar a quietude no eremitério de São George, localizado mais acima na face do penhasco do Monte, seus inimigos o agarraram com sede de assassinato. Jacó foi decapitado, como seu sangue derramado no chão de sua terra natal, regando-o para os monges que seguiriam seus passos nos últimos dias. Não saciados com a tortura e decapitação do santo, no entanto, os perseguidores então queimaram o precioso corpo de São Jacó, pensando que eles iriam apagá-lo para sempre da história e desencorajar todos aqueles que se reunissem para venerar suas relíquias. Contudo, Deus, não esquecendo de seus santos, e sendo sempre benevolente com seu povo, especialmente sabendo que precisamos da graça nestes últimos tempos, não permitiu que os planos iníquos dos assassinos prevalecessem.


São Jacó e os Mártires de Hamatoura

Ao longo do tempo, muitos contaram histórias de um santo milagroso aparecendo perto de Hamatoura, curando aqueles com enfermidades físicas e espirituais. Não esquecendo de seu povo e de sua habitação terrena, São Jacó continuou a consolar os sofredores e os doentes, incentivando Geronda Panteleimon a restabelecer o seu hospital espiritual em Hamatoura como o santo fez outrora. Um Gerontikon foi desenterrado no Mosteiro de Balaamand, mostrando claramente o nome do amado santo e as maravilhas que ele realizou para o povo. Pela primeira vez, hinos a São Jacó foram cantados em louvor a este poderoso cedro do Líbano, em 13 de outubro de 2002, em uma vigília noturna.



O santo continuou aparecendo, às vezes ouvindo cantar na igreja e outras vezes abençoando ou consolando as pessoas. Ele apareceu para uma mulher, revelando onde estavam suas relíquias preciosas, no entanto os monges desconsideraram suas instruções. Ao restaurar a igreja vandalizada do mosteiro, foi só depois de re-trabalhar o chão da igreja que eles descobriram um tesouro sagrado, pois cinco esqueletos estavam ali. Quatro deles, homens adultos, mostravam sinais de martírio com ossos rachados e crânios quebrados. Um, uma criança pequena, de três anos de idade, com sinais de martírio e cujos ossos emitem uma doce fragrância que enche o ar. Outro, com sinais de tortura e decapitação, queimado pelo fogo. Dois dos homens, sendo este último São Jacó, confirmam a história do santo escrito no Gerontikon: que morreu aos 50 anos sozinho com mais um companheiro. O esqueleto da criança, os mártires e o nome do companheiro de São Jacó são desconhecidos, mas são tratados com reverência pelos monges por seu martírio e pelo fato de terem sido enterrados sob o piso da igreja. Um serviço especial é escrito para eles, comemorado em 3 de julho.


                     
                       Monges trabalhando nas escavações



                               
Relíquias de São Jacó de Hamatoura(direita) e dos outros Mártires



Hoje, através do renascimento de seu mosteiro, São Jacó continua a atrair todos para refúgio entre sua nova irmandade devota, que dá sequencia a seu fervor ascético. A chama do farol do Líbano é reacendida e seu fogo tomou morada nos corações dos fiéis, acendendo o fervor espiritual entre os jovens e os idosos. Sendo aquele que incessantemente reza por nós no tumulto deste mundo moderno, atormentado por guerras e calamidades naturais, São Jacó nos instrui a uma vida espiritual fértil, travando uma guerra intransigente para carregar os doces frutos do outro mundo que ele revela está tão perto de nós.

São Jacó, Mártir de Hamatoura, rogue a Deus por nós!





fonte:deathtotheworld

Nenhum comentário:

Postar um comentário